domingo, 3 de maio de 2020

Palavras que tocam o nosso íntimo, indico a leitura do livro, Húmus (1917), do escritor português, Raul Brandão, numa bela edição pela Carambaia.
"...Já a mentira é de outra casta, faz-se de mil cores e toda a gente a acha agradável. - Pois sim...pois sim... Não se passa nada, não se passa nada. Todos os dias dizemos as mesmas palavras, cumprimentamos com o mesmo sorriso e fazemos as mesmas mesuras. Petrificam-se os hábitos lentamente acumulados. O tempo mói: mói a ambição e o fel e torna as figuras grotescas."
"...Moram os que moem, remoem e esmoem, os que se fecham à pressa e por dentro com uma mania, e os que se aborrecem um dia, uma semana, um ano, até chegar a hora pacata do solo ou a hora tremenda da morte.
"Mora aqui o egoísmo que faz da vida um casulo, e a ambição que gasta os dentes por casa, o que enche a existência de rancores e, atrás de ano de chicana, consome outro ano de chicana..."

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