domingo, 3 de maio de 2020


Folheando o último volume das obras completas de Adorno que trata dos escritos musicais (edição espanhola), encontrei num artigo escrito em fevereiro de 1934, sobre os concertos executados em Frankfurt, uma passagem que revelava a sua preocupação em relação a política do Reich para as emissoras de rádio. Interessante observar que mesmo preocupado, Adorno ainda acreditava na promessa de que as rádios da região de Frankfurt voltariam a ter autonomia na difusão de seus conteúdos musicais.

O Reich havia estabelecido uma política de centralização da programação de concertos a serem vinculados pelas rádios alemãs. As rádios de Frankfurt, assim como algumas orquestras da região tinham uma política progressista quanto aos conteúdos e concertos, a música de vanguarda era prioridade: KRENEK, SCHOENBERG, STRAVINSKI, WEBERN, BERG, WEILL, HONEGGER, etc. Logo se percebeu que a promessa de autonomia futura não se realizou, e os concertos de música de vanguarda foram abolidos. O último artigo escrito sobre os concertos executados em Frankfurt foi publicado por Adorno em março de 1934. Em tempos onde a barbárie começa a dar sinais, todo pessimismo é pouco em relação à análise dos sintomas. Estamos falando nada mais nada menos de Adorno. Para quem quiser conferir o artigo, ele está na obra completa, n.19, escritos musicales VI, págs. 238-241.

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