sábado, 2 de maio de 2020

      Não consigo ler sem fazer associações e ilações. Quando os carrascos abrem os braços e as vítimas se sentem acolhidas.

"Depois que pôs o telefone no gancho, meu pai não tentou conter sua indignação, e começou a esbravejar como se fosse o tio Monty.´Na Alemanha, eles pelo menos têm a decência de proibir os judeus de entrar no Partido Nazista. Com isso, e mais as braçadeiras com suásticas, e os campos de concentração, pelo menos fica claro que os porcos judeus são excluídos. Mas aqui os nazistas fazem de conta que querem que os judeus participem...´" 

"...Não era nem preciso dizer que o sr. Mawhinney era cristão, pertencia à maioria esmagadora que havia feito a Revolução Americana, fundado a nação, conquistado a natureza, subjugado os índios, escravizado os negros, emancipado os negros e segregado os negros, um dos milhões de cristão bons, honestos e trabalhadores que haviam desbravado a fronteira, lavrado a terra, construído as cidades, governado os estados, ocupado o Congresso e a Casa Branca, acumulado riquezas, se apropriado da terra, das usinas de aço, dos times de beisebol, das estradas de ferro e dos bancos, até mesmo da língua inglesa, um daqueles protestantes nórdicos e anglo-saxões acima de qualquer suspeita que desde sempre mandavam e para sempre mandariam no país - generais, dignitários, magnatas, os homens que faziam as leis, davam as ordens e viravam a mesa quando bem entendiam - enquanto meu pai, claro, era apenas um judeu."

Complô Contra a América,Philip Roth.

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