Os versos abaixo foram retirados do livro, Os Inocentes, e tiveram uma primeira versão em 1913/1914. A Primeira Grande Guerra estava a caminho, a Europa não seria mais a mesma. Hermann Broch mostra-nos o que viria a seguir, a irresponsabilidade de muitos e o voluntarismo de poucos. Esses ao se tornarem protagonistas produziriam as mais diversas atrocidades. Vale a pena uma leitura do "poema": Vozes (primeira versão 1913/1914).
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Vozes (1913)
(...)
Eis a grande fase da juventude burguesa:
Ela pensa em amor, dinheiro e outras banalidades,
Inteiramente disposta a renunciar ao resto;
Construindo seus mundos à base de ciumeiras.
Deus é um requisito aproveitável em poemas,
E a política, outrora virtude principesca,
Mostra-se desprezível ao leitor de jornais,
Que a considera um simples vício da ralé.
Tal atitude livra-o de quaisquer deveres.
É isso o que acontecia em mil novecentos e treze,
Com um ruído surdo nas almas,
Com gestos de palcos de óperas,
E, no entanto, ainda existia, leve e formoso,
O arco-íris, a aura dos ritos de eros,
Os ecos de festas passadas,
Colarinhos engomados, espartilhos, rendas;
Ah, e as encantadoras crinolinas!
Ó derradeiro, meigo ano da despedida do Barroco!
(...)
Adeus Europa! A bela tradição chegou ao fim.
Bum, bum bumba,
Vamos à peleja;
Não sabemos qual seja
A luta mas a tumba,
Em boa companhia,
Será acolhedora.
Se lá em casa chora
A triste amada,
Rimos de seu pranto.
Com jubiloso canto,
A baioneta em riste,
Aleluia, aleluia,
Nós vamos à peleja.