terça-feira, 31 de março de 2015

             John Reed ficou mundialmente conhecido pelo livro, "Dez dias que abalaram o mundo". Mas o jornalista, formado em Harvard, passou por uma escola prática antes de ir para a Rússia, ou seja, a cobertura de várias greves no interior dos Estados Unidos. No livro, "Eu vi um novo mundo nascer", ele relata em muitos artigos a luta dos trabalhadores de várias categorias em greve. Num desses artigos, " Guerra em Patterson", encontramos um relato impressionante, já no primeiro parágrafo ele nos mostra como a justiça, a imprensa e a polícia estão enredadas em um só objetivo. Não que hoje as coisas tenham mudado, mas que qualquer movimento grevista sempre encontrará estes três obstáculos.
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"Há guerra em Paterson, New Jersey. Uma guerra peculiar, pois toda a violência é obra de apenas uma das partes - os donos das fábricas têxteis. A polícia que os serve golpeia homens e mulheres indefesos e atropela a cavalo aqueles que respeitam a lei. Seus mercenários contratados e seus detetives armados atiram em pessoas inocentes e as matam. Seus jornais em Paterson, o Press e o Call, publicam apelos incendiários de incitação ao crime, defendendo a violência contra os líderes da greve. Seu instrumento, o juiz municipal Carroll, impõe duras sentenças para os pacíficos grevistas que a polícia logo trata de capturar. Controlam completamente a polícia, a imprensa e a justiça." Artigo publicado em junho de 1913, Guerra em Paterson, pág. 41
"Devo encontrar a mim mesmo de novo. Alguns homens parecem encontrar seu destino desde cedo, crescendo naturalmente e com poucas mudanças em direção ao que virão a ser. Mas eu não tenho idéia do que serei ou farei daqui um mês. Toda vez que tentei ser algo, fracassei; foi somente ao vogar com o vento que me encontrei, e que mergulhei alegremente em um novo papel. Descobri que só me sinto feliz ao trabalhar intensamente em algo de que gosto. Nunca me detive por muito tempo em algo que não me agradasse; e agora nem poderia fazê-lo, ainda que quisesse; por outro lado, há bem poucas coisas que não me dão prazer, nem que seja apenas a novidade da experiência. Amo as pessoas - exceto os esnobes de barriga cheia - e me interesso por todas as coisas novas, velhas e belas que são criadas. Amo a beleza, o acaso e a mudança, não mais tanto no mundo exterior; porém muito dentro de minha mente. Suponho que sempre serei um romântico." Quase Trinta, John Reed.