terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Os conservadores de outra época tinham estilo


      Para alguns tudo é linguagem. Concordando com eles temos que admitir que os novos conservadores brasileiros no meio intelectual são paupérrimos em termos de linguagem, o seu principal representante não consegue formular uma frase sem o termo "piroca". O Ministro da Educação é aconselhado por um ex-ator pornô, cujo exercício linguístico não ultrapassa uma sentença com três palavras. Agora temos um deputado preocupado com a masturbação alheia.
          A idealização do passado é um dos pecados mortais para um historiador, mas de uma coisa eu tenho certeza os conservadores brasileiros já foram melhores, até na tematização de questões morais que envolviam o sexo eles promoviam um verdadeiro banquete estético-literário.

           Como exemplo segue um trecho do romance, "Sob o malicioso olhar dos trópicos (1929)", de João Barretto Filho:

"- O seio de uma mulher que não é sua, dizia aquele amigo, é apenas um motivo de excitação, que você utiliza unicamente nesse fim; na hipótese mais espiritual poderá ser uma visão de pura estética, uma admiração pagã pela forma perfeita, mas é só isso. Não se pode comparar com o profundo respeito pela glândula nutritiva que alimenta o seu filho.
- E quando não existe o filho? tinha perguntado André vivamente.
- O filho já existe desde o primeiro olhar, e ainda para os que esperam até o fim da vida, ele esteve sempre presente" (p.116).

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