domingo, 1 de janeiro de 2017

Alguns trechos de "A Estrada", Jack London.



"...Oh, vocês que vivem pregando a caridade! Aprendam com os pobres, pois apenas eles são generosos. Não dão sobras porque não as têm. Nunca regateiam o que possuem. Muitas vezes dão o pouco que podem, mesmo estando, eles próprios, muito necessitados. Jogar um osso a um cachorro não é caridade. Caridade é compartilhar o osso com o cão quando você está com tanta fome quanto ele." A estrada, Jack London, pág. 27


"O vagabundo de sucesso deve ser um artista. Precisa criar, de forma espontânea e instantânea (sem recorrer a algum tema tirado da própria imaginação), uma narrativa sobre algo que vê no rosto de quem abre a porta, seja homem, mulher ou criança, simpático ou antipático, generoso ou sovina, bondoso ou perverso, judeu ou pagão, negro ou branco, racista ou fraternal, provinciano ou cosmopolita, ou qualquer outra coisa. Muitas vezes, penso que devo o meu sucesso como escritor a esse treinamento dos meus dias de vagabundo. Para conseguir um prato de comida, me via obrigado a contar histórias que soassem verdadeiras. Na porta dos fundos, por uma necessidade inexorável, se desenvolve um poder de convicção e sinceridade equiparável àquele das maiores autoridades na arte de contar histórias. Também acredito que foi meu aprendizado na indigência que me tornou um realista. O realismo é a única coisa que se pode trocar na porta da cozinha por um prato de comida.
Afinal, a arte não é nada mais que um artifício consumado, e o artifício dá credibilidade a muitas ´histórias´..." Jack London, A Estrada, p.30-31

Nenhum comentário: