sexta-feira, 24 de outubro de 2014

OS OLAVETES PIRAM, POIS NEM MESMO OS ENSINAMENTOS DE GRAMSCI SERVIRAM DE ORIENTAÇÃO PARA A GESTÃO PETISTA

Para quem estiver disposto a refletir um pouco sobre as eleições e a inépcia da gestão petista em alguns aspectos.
"§30. O número e a qualidade nos regimes representativos. Um dos lugares-comum mais banais que se repetem contra o sistema eletivo de formação dos órgãos estatais é o de que ´nele o número e lei suprema´ e que a ´opinião de um imbecil qualquer que saiba escrever ( e mesmo de uma analfabeto, em determinados países) vale, para efeito de determinar o curso político do Estado e à Nação suas melhores forças´, etc. (as formulações são muitas, algumas até mais felizes do que a citada, que é de Mario da Silva, na Crítica Fascista de 15 de agosto de 1932, mas o conteúdo é sempre igual). O fato, porém, é que não verdade, de modo algum, que o número seja a ´lei suprema´ nem que o peso da opinião de cada eleitor seja ´exatamente´ igual. Os números mesmo neste caso, são um simples valor instrumental, que dão uma medida e uma relação, e nada mais. E, de resto, o que é que se mede? Mede-se exatamente a eficácia e a capacidade de expansão e de persuasão das opiniões de poucos, das minorias ativas, das elites, das vanguardas, etc., etc., isto é, sua racionalidade ou historicidade ou funcionalidade concreta. Isto quer dizer que não é verdade que o peso das opiniões de cada um seja ´exatamente´igual. As ideias e as opiniões não ´nascem´ espontaneamente no cérebro de cada indivíduo: tiverem um centro de formação, irradiação, de difusão, de persuasão, houve um grupo de homens ou até mesmo uma individualidade que as elaborou e apresentou na forma política de atualidade. O número dos ´votos´ é a manifestação terminal de um longo processo, no qual a maior influência pertence exatamente aos que ´dedicam ao Estado e à Nação suas melhores forças´ (quando são tais). Se este pretenso grupo de excelências, apesar das infindáveis forças materiais que possui, não obtém o consenso da maioria, deve ser julgado ou inepto ou não representante dos interesses ´nacionais´, que não podem prevalecer quando se trata de induzir a vontade nacional num sentido e não noutro. ´Desgraçadamente´, cada um é levado a confundir seu próprio ´particular´ com o interesse nacional, e, portanto, a considerar ´horrível´, etc., que a decisão caiba à ´lei do número´; o melhor é se tornar elite por decreto. Não se trata, portanto, de que os que ´têm muito´ intelectualmente se sintam reduzidos ao nível do último analfabeto, mas de que alguns presumam ter muito e pretendam tirar do homem ´comum´ até mesmo aquela fração infinitesimal de poder que ele possui para decidir sobre o curso da vida estatal" Antonio Gramsci, Cadernos do Cárcere vol.3, págs. 81-82.

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