domingo, 22 de fevereiro de 2015

Soneto de Gregório de Matos

Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me a fundo.

O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ornadas,
Do que ando só o engenho mais profundo.

Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir, que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.

O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo mar de enganos
Ser louco c´os demais, que ser sisudo.

[Retirado do Volume 3 da coleção, "Gregório de Matos, poemas atribuídos, Códice Asensio-Cunha", Autêntica, pág. 23.]

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