segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Sabato encontra Cioran

            Encontro de Ernesto Sabato com Emil Cioran em Paris, 1989. Ambos com 78 anos na época.
"Conversamos fraternalmente durante mais de quatro horas... Descobri em Cioran a coerência de um homem autêntico, e partilhamos pensamentos de notável semelhança. Como a necessidade de desmistificar o racionalismo que só nos trouxe a miséria e os totalitarismos. E também a imbecilidade dos que crêem no progresso e no avanço da civilização. ´Tudo pode ser sufocado no homem, salvo a necessidade do Absoluto, que sobreviverá à destruição dos templos, assim como ao desaparecimento da religião sobre a terra.´Palavras de um filósofo cuja lucidez era fruto de sua perplexidade e seu tormento.
Tenho a convicção de que sua dor metafísica teria se atenuado se ele tivesse podido escrever ficção, dado seu caráter catártico, e porque os graves problemas da condição humana não são aptos para a coerência, mas unicamente acessíveis a essa expressão mitopoética, contraditória e paradoxal, como nossa existência.
´Na tristeza tudo vira alma´, diz ele em um de seus ensaios que tanto ajudaram a desmascarar a frivolidade e os sorrisos hipócritas dos tempos que correm." Ernesto Sabato, Antes do fim. pág. 118

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