Encontro de Ernesto Sabato com Emil Cioran em Paris, 1989. Ambos com 78 anos na época.
"Conversamos fraternalmente durante mais de quatro horas... Descobri em Cioran a coerência de um homem autêntico, e partilhamos pensamentos de notável semelhança. Como a necessidade de desmistificar o racionalismo que só nos trouxe a miséria e os totalitarismos. E também a imbecilidade dos que crêem no progresso e no avanço da civilização. ´Tudo pode ser sufocado no homem, salvo a necessidade do Absoluto, que sobreviverá à destruição dos templos, assim como ao desaparecimento da religião sobre a terra.´Palavras de um filósofo cuja lucidez era fruto de sua perplexidade e seu tormento.
Tenho a convicção de que sua dor metafísica teria se atenuado se ele tivesse podido escrever ficção, dado seu caráter catártico, e porque os graves problemas da condição humana não são aptos para a coerência, mas unicamente acessíveis a essa expressão mitopoética, contraditória e paradoxal, como nossa existência.
´Na tristeza tudo vira alma´, diz ele em um de seus ensaios que tanto ajudaram a desmascarar a frivolidade e os sorrisos hipócritas dos tempos que correm." Ernesto Sabato, Antes do fim. pág. 118
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