sexta-feira, 17 de março de 2017

"Uma vida onde eu poderia me lembrar desta vida daqui!"


Do romance,´O Caso Meursault', que como contraponto ao "Estrangeiro" de Camus, acaba por ficar preso na  linguagem e pensamento ocidentais. Não se trata de uma crítica, mas a afirmação justifica-se pela promessa dos editores e resenhistas sobre o livro, colocando-o como uma crítica a visão eurocêntrica de Camus em relação à Argélia e ao seu povo.

"Eu, berrando ao microfone enquanto eles tentam arrombar a porta do minarete para calar a minha boca. Tentariam fazer com que eu fosse razoável, diriam, em pânico, que há outra vida apos a morte. E eu, então, responderia: ´Uma vida onde eu poderia me lembrar desta vida daqui!´. E aí eu morreria, apedrejado, talvez, mas com o microfone na mão, eu, Haroun, irmão de Moussa, filho de pai desaparecido. Ah, que belo gesto de mártir! Gritar a sua verdade nua e crua. Você vive em outro lugar, você não pode compreender o que sofre um velho que não acredita em Deus, que não vai à mesquita, que não esperava pelo paraíso, que não tem mulher nem filho e que exibe a sua liberdade como uma provocação." O Caso Meursault, Kamel Daoud. p.162

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