sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Manoel Bomfim e a "Revolução de 1930"


Infelizmente, as nossas editoras e os historiadores influentes no mundo editorial negligenciam a importância de Manoel Bomfim. Este praticamente não é editado, exceção à regra, o trabalho feito pela Topbooks. Vergonha ainda maior é a inexistência de uma 3a. edição do livro, O Brasil Nação. Livro maravilhoso, que se considerarmos apenas o posfácio de 12 páginas já mereceria uma publicação. Posfácio escrito em 1931, onde Manoel Bomfim de forma presciente denuncia a farsa de se imputar ao movimento de 1930 o caráter revolucionário, destacando a ausência das mudanças estruturais. Também, nos alerta para o perigo do fascismo italiano influenciar os detentores do poder no Brasil; outro ponto importante é um parágrafo inteiro dedicado a resgatar a figura do nordestino enquanto trabalhador plástico e adaptável, coisa que alguns anos depois Freyre destacaria. O principal ponto do posfácio encontra-se na denúncia do colaboracionismo de classes e o controle sindical pelo Estado. Tudo isto escrito em 1931, antes mesmo do Estado Novo, e da consolidação do sindicalismo de Estado promovido por Vargas. E finalmente, gostaria de deixar dois trechos belíssimos onde Bomfim defende que os próprios trabalhadores devem definir as suas prioridades:

"... Convençamo-nos que a fórmula - colaboração de classes é, apenas, o engodo com que o trabalhador continua a ser mantido na extrema situação de dependência econômica, pois que não pode haver sincera e real colaboração entre partes de atuação e valores tão diferentes." pág. 697

"Demais: que o trabalhador pede, reclama ou exige, é a organização mesma das suas condições de trabalho. E é a ele, só a ele, que cabe formular as mesmas condições..." pág. 697

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