sábado, 19 de janeiro de 2013

A Névoa, Unamuno


         O domínio da palavra e da arte de escrever é uma virtude que nos deixa paralisados, principalmente, eu que sou um ignorante em literatura. Ao começar a leitura do livro, "Névoa", de Miguel de Unamuno tive esta sensação. Gostaria de compartilhar alguns trechos do prólogo à terceira edição.

***
"[...] Que o passado revive; revive a recordação e se refaz. [...] (p.30)

"Ouvi também contar de um arquiteto arqueólogo que pretendia derrubar uma basílica do século X, e não restaurá-la, mas sim refazê-la de novo como devia ter sido feita e não como se fez. Conforme uma planta daquela época que pretendia ter encontrado. Conforme o projeto do arquiteto do século X. Planta? Desconhecia que basílicas se fizeram a si mesmas saltando por cima das plantas, guiando as mãos dos edificadores. [...]" (p. 31)

"[...] Enquanto viverem as novelas passadas viverá e reviverá a novela. A história e ressonhá-la." (p.32)

"[...] Não, e sim pela de todos os que sonhei e sonho, a de todos que me sonham e sonho. Que a imortalidade, como o sonho, ou é de todos ou não é. Não logro lembrar de ninguém a quem deveras conheci - conhecer deveras alguém é lhe querer bem, e ainda que se creia odiá-lo - e que tenha ido de mim sem que me diga a sós: 'Que é você agora? que é agora da tua consciência? que sou nela eu agora? que é do que foi?' Esta é a névoa, esta a nivola, esta a lenda, esta a vida eterna... E isto é o verbo criador, sonhador." (p. 36)

Nenhum comentário: