domingo, 16 de outubro de 2022

Pessoas como nós são sempre infelizes tanto neste quanto no outro mundo!

         Não por acaso Alban Berg escolheu a peça de Georg Büchner como libreto e criou uma das óperas mais dissonantes do século XX. Um baita texto no qual Wozzeck sintetiza todas as contradições do homem comum moderno, entre a cruz e a espada.
        "Nós, os pobres! O senhor vê, meu capitão, dinheiro, dinheiro! E quem não tem dinheiro?! Experimente tentar trazer ao mundo uma criança de maneira moral! Também somos de carne e osso! Sim, se eu fosse um senhor, se tivesse um chapéu, um relógio e um monóculo e soubesse falar de maneira fina, então também eu seria virtuoso! Deve ser uma bela coisa ser virtuoso, meu capitão. Mas eu não passo de um pobre diabo! Pessoas como nós são sempre infelizes tanto neste quanto no outro mundo! Creio que se fossemos par o céu, seriamos forçados a trabalhar para ajudar a detonar o raio!" Wozzeck, Büchner (Tradução de Mario Willmersdorf Júnior)
              O trecho supracitado foi retirado do libreto traduzido para a edição em CD, da ópera Wozzeck de Alban Berg, pela Wiener Philharmoniker com regência de Claudio Abbado. Há outra tradução da peça, a qual foi publicada na coletânea, Büchner - na pena e na cena, pela Editora Perspectiva com tradução de Ingrid Dormien Koudela.

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