quinta-feira, 11 de maio de 2017

Num colóquio sobre a obra de Dalton Trevisan na USP, homenageando os seus 90 anos, alguns conferencistas reclamavam da ausência de estudos sobre a obra do autor. E lemos por aí conclamações para que se produzam estudos sobre autoficção juvenil. É preciso o trabalho da linguagem, da escrita, não basta usar palavras ditas "transgressoras" para se fazer boa poesia ou prosa. Segue um exemplo do próprio Trevisan, onde o subentendido exige algo do leitor.
"Afofa os dois travesseiros para ler o jornal, nunca mais abriu um livro. Uma vez por semana, com repugnância e método, entrega-se ao prazer solitário - o mísero consolo do viúvo. Afinal vem o sono, aninha-se nas cobertas e dorme, o eterno grilo debaixo da janela." Dalton Trevisan, conto "Angústia do viúvo", presente no livro, Cemitério de Elefantes. Edição de 1977.

Nenhum comentário: