quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Música na noite






                A editora LP&M regularmente nos brinda com bons livros, a preços módicos. Entre estes livros posso citar esta bela coletânea de Aldous Huxley, cujos os ensaios foram escritos no final dos anos 1920, e início dos anos 1930, intitulada: "Música na noite e outros ensaios." Leitura obrigatória para os amantes da literatura e da música. Mesmo discordando de algumas abordagens, o livro é um deleite de erudição e sensibilidade. Huxley foi um mestre na escolha de títulos para os seus livros, o mesmo ocorre em relação aos ensaios: "o resto é silêncio"; "meditação sobre a lua"; "guinchos e algaravias"; "sobre os charmes da história e o futuro do passado"; "para o puritano todas as coisas são impuras", etc.
        Esta passagem sobre o silêncio na música é maravilhosa, pondo os compositores nos seus devidos lugares hierárquicos.

"Depois do silêncio, aquilo que mais se aproxima de exprimir o inexprimível é a música. (E, de modo significativo, o silêncio é parte integral de toda boa música. Comparada com a de Beethoven ou Mozart, a torrente ininterrupta da música de Wagner é muito pobre em silêncio. Talvez essa seja uma das razões pelas quais ela parece ser tão menos significativa do que as músicas deles. Ela `diz´ menos porque está sempre falando.)" pág. 21

          Alguns parágrafos depois, ele faz uma observação sobre a expressão musical e a literatura na obra do maior gênio da literatura inglesa.

"A habilidade da música para exprimir o inexprimível foi reconhecida pelo maior de todos os artistas verbais. O homem que escreveu Otelo e Conto de inverno foi capaz de proferir em palavras qualquer coisa que palavras possam de alguma forma ser levadas a significar. E no entanto, sempre que algo num teor de intuição ou emoção mística tivesse de ser comunicado, Shakespeare recorria com regularidade à música para que fosse ajudado ´levar as coisas a cabo´..." pág. 22

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