sexta-feira, 27 de dezembro de 2013


Eis uma precisa observação sobre o que devemos temer e compreender, uma visão não condescendente do nosso íntimo.

***
Para as assombrações, desnecessária é a alcova,
Desnecessária, a casa - 
O cérebro tem corredores que superam
Os espaços materiais

Mais seguro é encontrar à meia-noite
Um fantasma,
Que enfrentar, internamente,
Aquele hóspede mais pálido.

Mais seguro é galopar cruzando um cemitério
Por pedras tumulares ameaçado,
Que, ausente a lua, encontrar-se a si mesmo
Em desolado espaço.

O "eu", por trás de nós oculto,
É muito mais assustador,
E um assassino escondido em nosso quarto,
Dentre os horrores, é o menor

O homem prudente leva consigo uma arma
E cerra os ferrolhos da porta,
Sem perceber um outro espectro,
Mais íntimo e maior.

Emily Dickinson

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