segunda-feira, 3 de setembro de 2012




         "Nós latino-americanos é que não podemos entrar nessa dança de glórias e de reminiscências macabras. Aqueles horrores foram as dores do parto de que nascemos. O que merece ser visto não é só o sangue derramado, mas a criatura que ali se gerou
 e ganhou vida. Sem nós, a romanidade estaria reduzida à pequenez numérica das nações neolatinas da Europa, demograficamente insignificantes, imponderáveis, num mundo demasiadamente cheio de neobritânicos, de eslavos, de chinos, de árabes etc.

          A glória da Ibéria, é bom que se reitere aqui, reside em ter guardado por mais de um milênio as sementes da romanidade, debaixo da opressão goda e sarracena, pra multiplicá-la aqui prodigiosamente. Somo o Povo Latino-Americano, parcela maior da latinidade, que se prepara para realizar suas potencialidades. Uma latinidade renovada e melhorada, porque revestida de carnes índias e negras e herdeira da sabedoria de viver dos povos da floresta e do páramo, das altitudes andinas e dos mares do sul." A América Latina existe? Darcy Ribeiro, pp.110-111.

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